quarta-feira, junho 22, 2005

Mon Chéri

Há um sem número de pessoas maioritariamente do sexo feminino que defende que as implicações em ser-se homem ficam muito aquém daquelas que as obrigam por se ser mulher. É a questão da descriminação sexual, défice, uppss palavra proibida, nas oportunidades de carreira, o facto de terem de parir, criar os filhos, multiplicarem-se em tarefas domestico-profissionais, etc, etc. Contudo acho que existe uma do lado dos representados pelo símbolo da bola e da seta – eis um ícone que resume na integra a existência masculina – que equilibra todas as atrás referidas relativas às da bola com uma cruz – mais uma vez a simbologia é explicita; as bolas apresentam-se-lhes como verdadeiras cruzes – Herança histórica, natureza, testosterona, ou simplesmente maldição é com que o Homem supostamente integro tem de lidar diariamente face ao que o Verão traz de melhor. Ele é fios dentais propositadamente dados a conhecer pelas transparências ou contornos dos tecidos superficiais, ele é decotes minimalistas auxiliados pelo que de melhor há para maximizar a sustentabilidade, ele é sandálias de aberturas generosas desenhadas por estreitas fitas e outros adornos culminando num salto proporcionalmente sensual. Enfim inúmeros motivos que motivam o em tempos apelidado sexo forte. Sim, hoje ninguém terá dúvidas de quem ganhou a guerra mais antiga do mundo. O poder não é de quem o detém, mas de quem o controla. Os seres que têm a faculdade de urinar de pé pensam que têm a escola toda para ludibriar a maior maravilha da criação divina, no entanto são esses que perecem diante da mortífera sedução. Quem não tem o inestético pendente acaba por ganhar sempre quanto mais não seja pela imensa refeição com que deleita o seu ego caracterizada por olhares a roçar o comestível. Este constante arrastar de asa pelos espécimes do cromossoma maioritariamente Y faz lembrar os pombos machos na sua incessante obsessão de expandir o pombal. Para os solteirinhos e bons rapazes esta doença, esta gripe das aves pouco ameaça a sua saúde comportamental. O grande dilema surge aos que possuem anilha, qual pombo correio, símbolo do compromisso firmado com a sociedade ocidental para não dizer eclesiástica, por principio teórico, monógama. Este grupo subdivide-se em seguidores de tal doutrina, os fiéis, chamemos-lhes de infelizes, e os que subvertem o sistema comummente aceite, vivendo numa casa construída sobre a rocha e convivendo numa erguida na areia, os infiéis, chamemos-lhes de felizes. Os infelizes vão olhando desgraçadamente para as pombinhas comuns, tendo mesmo vontade de comer uma canjinha, senão quando pousam na dura realidade que para este tipo de sopa é rotineiramente e monotonamente utilizada galinha caseira. Os felizes não podiam estar mais. Vivem uma poligamia socialmente condenável, realisticamente aceite, com o seu rol ou histórico de amantes camuflado por uma aparência de marido exemplar e pai dedicado. Para os infiéis aos haréns a coexistência dos dois estados sentimentais, o legitimo e o indigno, é castrada à partida pela sua formação e princípios morais, tal eunuco à mercê dos seus desejos inconcretizáveis e da sua ingrata imaginação. Os fiéis amantes das suas amantes, esses estão perto da quimera rosada. A legitimidade e a perversão diluem-se, complementam-se sem réstias de culpabilidade, sem entraves morais, com uma naturalidade a pressupor uma atitude normal. Se é contra-natura ter uma única mulher a vida inteira, lutando contra a tentação tal vampiro Loui que optou por sorver sangue de mamíferos não humanos, se o normal é andarmos a voar uns aos outros, não sei. O que sei é que o importante é tentarmos ser felizes, procurando não descurar a felicidade dos que nos se entregaram, mas se esta for insuportavelmente penosa, pois bem, então bebamos sangue humano, e seremos felizes (?!) Não querendo dar uma imagem de consultor matrimonial, mas nunca se sabe, até por que o intuito deste Blog nunca esteve perto de ser concretizado apesar dos esforços que encetei, queria deixar uma dica a todos os infelizes que deambulam por aí: Já pensaram que empolgando as penas, encetando uma dança de sedução, perseguindo por amor e carinho culminando num abrir de asas de êxtase envolvendo a vossa pombinha de cambalhota, de sempre, acaba por ser um extremo da perversão?! Sim, e este é o verdadeiro factor motivador, sexo, sedução e até amor são seus meros instrumentos.

Homenagem à Vera, que tem conseguido evitar por mérito que eu dê uma cambalhota tal que me es-borrache(o) no pavimento da ilusão.

Conseguireis não cobiçar a cereja do próximo?