terça-feira, maio 24, 2005

PS2 (Playstation 2)

Nunca vos aconteceu sonhar, independentemente da cor ou do cenário ou mesmo da nitidez do objecto, porém sentir uma inquestionável sensação de paz e bem-estar ao acordar, propagando-se esta ao novo dia tornando-o mais apetecível de ser vivido? Realmente consideramos escassa a nossa longevidade como humanos mas muitas são as vezes que descartamos dias da nossa vida como se de uma gillette se tratasse. Ou por esperarmos que o futuro nos bafeje, ou por acreditarmos que os nossos sonhos se tornem realidade, ou simplesmente por inconscientemente não aceitarmos um destino que nos foi atribuído por algo superior que supostamente não tem margem para errar, mas o que foi senão um erro não possuirmos uma vida à Victor Constâncio ou à Lara Croft. Esperamos ou desesperamos até fazer sentido viver ou morrer. Os descrentes inclinam-se mais para a teoria Matrix de um mundo totalmente deixado à probabilidade casuística de um mainframe gigantesco que funde o mundo virtual com o real, vivendo os humanos no primeiro, vegetando no segundo, contudo produzindo a energia corporal equivalente à dispendida naquele que vemos, alimentando assim as máquinas, morrendo no entanto em ambos. A nossa alma seria um programa de SW que ao morrer iria para o recycle bin, enquanto que o corpo nem para a reciclagem de HW seria remetido. Se a existência de Deus fosse fundamentada por esta, provavelmente compreenderíamos melhor a morte de uma criança ou a permanência de um pedófilo entre nós. A vida é por demais preciosa para ser shiftada do hoje para o amanhã. É que provavelmente se não nos esforçarmos em vivê-la agora entramos numa espiral utópica pela busca da felicidade cuja extinção pode muito bem coincidir com o limiar da nossa existência. Como não há bela sem senão, ou por outras palavras como não há Croft sem Constâncio, o que atrás foi dito relativamente à dimensão de um sonho bom é igualmente valido para os pesadelos. É que um destes dias sonhei com finanças, impostos, contas públicas, desinvestimento do estado, desemprego que ao acordar tive de resgatar o lado consciente da minha mente para que esta fosse crédula ao valor próximo dos 7% do défice. Escusado será dizer que esse dia correu pessimamente, logo foi descartado da minha vivência. Vou assim processar os gastadores por mais 24 horas da minha vida que gastei sem proveito. 7 por cento ou 7 pecados mortais, sendo estes 7% de todos os pecados ou suas variantes. Bate tudo certo. Assim de cabeça e além do Demo não me lembro de outra entidade que os concentre todos senão o Estado. Ira quando gasta as suas energias em debates demagógicos com a oposição em vez de a transformar em furor positivo e partilhado com medidas concretas ao serviço dos cidadãos. Cobiça os rendimentos de todos, embora só consiga taxar os de alguns, os de sempre, sem nada fazer para os merecer. Inveja a vida dos que a levam exactamente por escaparem aos impostos tentando ser como aqueles penalizando a cobrança dos que a eles não consegue fugir. Sente Orgulho das incipientes medidas que vai tomando disfarçando a incompetência transversal. Tem Preguiça na aversão que nutre ao trabalho e à mudança – claro que eles estão bem e até bastante confortáveis face aos seus homólogos – sendo a única explicação para as décadas de atraso que nos vem incutindo. Sente uma Gula incontrolável, tal padecedor de bulimia, aplicando taxas de imposto em bens de primeira necessidade, chegando inclusivamente a tributar imposto sobre imposto que acontece por exemplo nos automóveis e que por certo é inconstitucional mas porventura politicamente correcto. Deixei a Luxúria propositadamente para o final pois é a que mais se relaciona com o descalabro do défice orçamental. Por que é que o Sr. Dr. Governador do Banco de Portugal apela à continua aplicação de medidas restritivas à liberdade financeira dos que mais precisam propondo novos aumentos de imposto não tendo coragem nos seus órgãos reprodutores para sugerir, para não dizer exigir uma minimização do despesismo público, uma contra-luxúria, absolvendo o governo pelo menos desta ofensa capital?! Talvez por se dizer que o Diabo é capado…? E o Sr. Dr. Presidente da República Portuguesa onde anda no meio disto tudo? Anda de visitas ao Céu…pode ser que traga ideias inovadoras para melhorar o nosso Inferno, ou um qualquer novo SW a carregar no Sistema Operativo Português. E o Exmº Sr. Pedreiro António, a Exmª Sra. Cozinheira Maria, o Tiago, a Paula, o Rui, o Pedro que assistem impávidos à recorrente desumanização financeira de suas vidas ao invés de irem para a rua contestar, forçá-los a expugnar os seus pecados mortais. Ao invés vendem mais uma vez a alma ao Diabo pela sua insuportável passividade…Urge uma nova Boa Nova ou um Matrix Revolutions! De facto os cintos são para apertar as calças daqueles em que estas tendem a cair devido à sua magreza progressiva, não àqueles em que estas nem lhes serve tal a exuberância dos seus carros de serviço com todas as despesas inerentes pagas, telemóveis topo de gama sem limite plafond, cartões de crédito da grossura de um sabonete, benefícios de variada espécie e feitio. Contudo queixam-se que os seus ordenados são parcos em dígitos, coitados. Dirão, estas medidas não chegam, os boys não são assim tantos quanto isso para explicar o número do azar, ou para alguns da sorte. Tudo bem, esqueçam as obras fúteis e de utilidade prática nula embora populistamente indispensáveis, investindo em infra-estruturas básicas a que uma grande parte da população hoje ainda não tem acesso, não despromovendo assim o emprego pelo corte no investimento nas obras públicas. Reduzam pessoal que só aguarda ansiosamente a reforma da reforma, logo já alguém trabalha por esses, não sendo necessário recrutar nem mais um inútil. Qual saem 2 entra 1?! Só se for na AR, que não esqueçamos também é função publica, que saiam 2 deputados a dormir da geração acomodada, e entre um bem desperto por ser da geração que querem lixar. Invistam numa ferramenta informática poderosa e linda, tipo Trinity do mundo virtual, que permita o cruzamento total de dados, incluindo os bancários, nem que tenham de recorrer ao crédito, num combate sério e objectivo à fraude e evasão fiscal cujas receitas a médio prazo não só amortizariam a divida contraída como os absolveria de mais uns tantos pecados mortais. Nem seria preciso endividarem-se tal as regalias que concedem à banca, que por certo estaria na altura do pay back time. Aliás, se calhar nem seria preciso tal state of the art tecnológico, por exemplo em Lisboa, basta contabilizar o número de BMW, Mercedes e Audis novos a circular por aí, retirar 10% de otários que andam a comer sandes e com credito mal parado no empréstimo à habitação, 10% de ricos a valer e está apurada a quantidade de empresas em nome individual, pequenas e médias que depois “obrigam” os cada vez mais pobres a valer a contribuir por estes. Que raio de gestores públicos que temos que não conseguem, ou talvez não estejam interessados, manter ou até aumentar a receita através da diminuição da despesa. O estado não é mais do que uma empresa, e cada vez mais privada, que vive de proveitos sem nada produzir cujo trabalho é somente aplicá-los onde é mais necessário, ou supostamente deveria ser. Qual a organização que não gostaria de ter tal privilégio?! Será assim tão difícil? Quantas décadas mais para chegar ao Céu?! Sim, com tantos pecados o Estado é definitivamente a personificação do verdadeiro Inferno ou o tal Mainframe, com Constâncios e sucessivos ministros das finanças e toda a restante corja a assumirem-se como verdadeiros demónios ou agentes Smiths. Só resta saber se Sócrates é Belzebu em pessoa ou o Arquitecto, neste caso Engenheiro, ou se ainda há uma réstia de esperança em ser um Messias ou o fantástico Neo.
Nada temam amigos, isto foi só o meu pesadelo! A vida real, ou direi virtual, é bem mais aprazível, não é?!

Uma nova vida…?
Só com PS2!
Qualquer semelhança com Partido Socialista 2, era pós Cavaco Silva foi pura coincidência.