quinta-feira, abril 28, 2005

Olá

Eis uma marca de nome simples e objectivo que até pode dar o mote para uma excelente deixa de engate:
-Olá…
-Vai ver se chove!
-Por acaso está mais para isso do que outra coisa, embora esteja bom para um gelado…
-Baza!
-Não percebeste, estou a convidar-te para um gelado Olá…
-Estás a chamar-me loura burra?!
-Não, mas por acaso adoraria derreter um cornetto nos teus escaldantes vulcões…
-É pá!
-Cornetto ou Epá, para mim é igual…
-Bem, dito assim…Na minha ou na tua?
Pronto, e lá vai ele todo contente comprovar se o áureo se estende à vegetação circundante à gruta de lava, ou se de facto os neurónios realmente não abundam numa massa que só se percebe que é cinza, vulcânica, por palavras e actos. O pior é se ela fez o que o estado deveria fazer para minimizar os riscos de incêndios florestais e a desmatou, ou a dourou. Mas se assim foi é por que é inteligente. Continuo com o intuito de descambar. É o que dá enviar um SMS a dizer Olá, e receber um Adeus, que é como quem diz um Olá gelado. Por acaso não…Depois da parvoeira e de uma private joke nada melhor que retomar o tema principal que se perdeu algures por entre os pingos da chuva. É que segundo a marca portuguesa, mais uma das escassas que nos podemos orgulhar, o factor sazonal é já não mais crítico de sucesso no mercado da gelataria muito por culpa das suas acções que visam contrariar essa à primeira vista espectável tendência. A marca que em inglês seria Hi, Ciao em italiano mas que corajosamente é Olá concretiza 50% das vendas nos três meses fortes do Verão. Apesar da ainda resistente sazonalidade está-se muito longe de estatísticas passadas em relação a hábitos de consumo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, ou melhor muda-se o tempo e criam-se necessidades.
Em nome da Olá agradeço à poluição mundial, aos desaires ambientais, aos Países ricos e a todos os que colocam os invólucros dos gelados no Ecoponto sendo destruídos por queima pois possuem resíduos que os impedem de ser reciclados directamente e como não há falta de emprego seria impensável ter um funcionário a reaproveita-los. Um dia as profissões ligadas ao ambiente serão as mais reconhecidas e bem remuneradas, isto se nessa altura ainda existir a moeda como a conhecemos, ou o próprio planeta Terra. Já em Blade Runner cuja acção decorre em 2019 se falava de engenheiros do tratamento do lixo. Ora se pensarmos que daqui a catorze anos já lá estamos e que não existe nenhuma licenciatura nessa vertente então o argumentista de Ridley Scott talvez não passasse de um pobre visionário. Mas também Los Angeles é uma cidade do primeiro mundo, não uma erva daninha de um jardim à beira mar mal plantado. Admitamos que o referido curso se iniciaria para o ano, em 2019 teríamos 30 “Drs”. E no máximo, senão vejamos, faríamos 3 turmas com 100 alunos, destes chumbariam por ano 90 a matemática, lá está 30 canudistas daqui a 14 anos. Mas esperem, as licenciaturas não vão passar para três anos?! Ganhámos mais 10 especialistas. Yes! Deve dar para aí, nessa altura, 1 licenciado para 10^100 toneladas de lixo. Putos, vá tudo para esse curso, deixem-se lá de filosofia, psicologia, história, e até gestão e engenharia clássica! Outros seres, a crer no filme, que supostamente andarão entre nós nos finais da segunda década deste século são os replicants – robots ou humanos? – A mesma pergunta faço em relação a nós…Olha ponham-nos a trabalhar nas lixeiras, já que os portugueses só querem trabalhos dignos da gravata do poder, do título de Dr. e de um chorudo ordenado ao fim do mês. O que seria deste País se não fossem os imigrantes…Dr., perdão, Engº deixe lá o choque tecnológico. Precisamos é de um choque humano!
O que também contribui para que todo o ano se olhe para pessoas a chupar um calippo ou dar 100 lambidelas em duas bolas de gelado e inevitavelmente se pense se são boas naquilo…é a querida Publicidade!

Frio, morno, quente
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