quarta-feira, março 02, 2005

União Zoófila/Associação Zoófila Portuguesa

Eis um nome que aparentemente diria tudo, pesa embora na realidade apenas o seu apelido o faça. De facto o seu nome próprio, União, talvez seja mesmo o seu maior factor crítico de insucesso num País onde o associativismo nasce e perece num qualquer café de esquina onde se veja um qualquer jogo da I Liga de futebol. Claro que a importância desta face a uma Liga de protecção de animais é infinitamente incomparável. É já uma característica sociológica inerente ao povo luso: tudo está mal, alguém tem a obrigação de fazer melhor, mas esse alguém nunca é o próprio. Enquanto não se perceber que é efectivamente a União, o Associativismo que faz a força, não aquela que encontra na depreciação o facilitismo, mas a que surge construtivamente pela dificuldade, pela inteligência, vamos continuar a ter sem-abrigo nas nossas ruas, evasão e fraude fiscais, uma estrada sem passadeira para as nossas crianças, animais cuja dor só nos seus olhos se sente. Numa era de mudanças de mentalidade em crescendo, nesta questão parece que se continua a meter a pata na poça, não a mão na consciência. Os portugueses definitivamente têm casos de sucesso solidário, veja-se o Maremoto na Ásia, mas aí estamos a falar de uma tragédia internacional. Até arrisco em dizer que as tragedias além fronteiras são “melhores” que as nossas à semelhança de outras tantas coisas que lá fora são perceptivelmente superiores. Internamente as pessoas só se lembram ou são levadas a lembrar de calamidades um tanto ou quanto megalómanas como os fogos florestais de há dois anos, as tragédias do quotidiano, essas passam completamente ao lado ou são comodamente relegadas para o Estado, aliviando as consciências. Mas se este é uma nulidade em gerir os nossos impostos alguém tem de o colmatar. Uma outra diferenciação reside em uma coisa ser a comodidade em fazer uma chamada para um número solidário ou uma transferência até pela Internet para uma conta de ajuda, outra coisa é efectivamente “meter a mão na massa, neste caso concreto no pêlo” e ajudar fisicamente a resolver um determinado problema, levando ao tal associativismo. Este conformismo insustentável por vezes só pede mesmo uma revolução, como aquela de há 30 anos atrás onde pela liberdade a G3 deu lugar aos cravos. Será preciso os heróis da UZ/AZP, do desajuste, do inconformismo pegarem em UZI pela mudança do estado das coisas, das mentalidades? Eu preferiria trocar uma vez mais as metralhadoras por papoilas e concretizar o sonho da solidariedade. Neste País urge um Tsunami Humano pelas vicissitudes que perduram intemporalmente sem evolução concreta e erradicadora.
Com cerca de 800 canídeos e 200 felídeos em albergue, muitos outros sem tal dignidade e muitas adversidades à concretização da sua missão, o que escasseia mesmo são os “humanídeos”. Quer em trabalho de voluntariado, dinamismo, criatividade ou simplesmente em fazer acontecer, quer em número de sócios remuneradores ou em donativos. Já que o próprio Estado está mais perto de perdoar as dívidas dos clubes do que ajudar aqueles que não marcam cruz nos boletins de voto. Aqueles que acabam por marcar uma cruz sim, na terra inerte e distante...do vazio e da inconsciência. Como eu gostaria que fosse na
Terra do Nunca…

Homenagem ao Tíbor que me ajudou a ser homem entregando-me a responsabilidade da sua vida. Por um momento no tempo deixei de ser filho único.
Homenagem à Paula. Empreendedora, inteligente, sensível e cheia de garra para agarrar uma causa felpuda. Enaltece a palavra Mulher.

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