quarta-feira, março 30, 2005

Brainstorm Público7

Na reminiscência de algumas reflexões de e para o Homem abordadas no artigo anterior continuo a sentir-me totalmente inconformado, impotente perante a postura humana na sua globalidade e particularmente na recente janela temporal pascal que já faz parte do passado. Sai, convivi, socializei, mas de facto não encontrei Jesus. Encontrei os Homens de sempre, uns conhecidos, outros não, na estrada, no café, ou simplesmente na rua, no emprego e até em casa. Ainda pensei achar Cristo ressuscitado no coração de alguns mas a letargia espiritual foi desoladamente invariável. Só me resta aguardar pelo renovar da esperança trazida pelo próximo Natal. Ou então esperar ou desesperar pela vinda de um novo Messias. Estará Deus tão desapontado que Ele próprio perdeu a fé em nós? Não o censuro. Mas como diz uma minha amiga recente o abandono por uma qualquer luta só significa que nos abandonámos a nós mesmos. Aplicando este principio à divindade então ainda teremos oportunidade de nos redimir e encontrar um caminho, aliás conhecido há 2000 anos que teimosamente tendemos em perder. Contudo o tempo urge, não para nós, mas para os filhos e netos. Os Tsunamis não esperam, as doenças evoluem como que em sintonia com o desenvolvimento, as guerras espreitam a terceira grande, o clima tende a favorecer certas espécies onde o Homem não está incluído, a Natureza prescinde da nossa natureza. Um novo Messias?! Deus não é parvo. Por certo este não seria crucificado, não! Nós evoluímos…seria remetido a uma qualquer ala poente de segurança máxima de uma instituição psiquiátrica Norte Americana. Diagnóstico: síndrome esquizofrénico do amor ao próximo elevado a escala exponencial. E isto para não incorrerem no mesmo erro dos romanos que o tornaram num mártir. Pois se este não fosse um problema seria decerto condenado à injecção letal como tantos outros por aquelas bandas. Para a CIA seria um Ser geneticamente manipulado com inserções de ADN alienígena não amigável, para o FBI um extremista muçulmano perigosíssimo com capacidade de encetar lavagens cerebrais maciças e sem fronteiras físicas, para o povo americano um simples bissexual por amar Homens e Mulheres, para o agente Mulder seria de facto Jesus Cristo II se bem que nem a própria Scully acreditaria. Deus prefere difundir um Messias metafísico, não concentrado num único homem mas sim espalhado por toda a humanidade e o mais irónico é que esse já existe bem dentro de nós à espera de ser revisitado. Depois das minhas certamente consideradas blasfémias pelos que dizem falar pela Sua voz só posso tentar redimir-me para não ser considerado herege. É que há alguns séculos se publicasse este artigo teria de andar a fugir da fogueira. É engraçado, a Igreja representa Deus e nessa altura até na condenação das almas essa tarefa d’Ele era relegada, ficando a mesma à mercê dos seus doutos interpretes...Mas agora não! Nós evoluímos…?
Bem, que poderei fazer para a redenção? Já sei, como “o Natal é quando um Homem quiser” vou antecipá-lo e aqui deixar um texto a ele alusivo que em tempos levei a um concurso radiofónico. O júri com certeza interiorizou os demónios decorrentes da leitura abusiva d’ “O código Da Vinci”, pois que não ganhei! Só podendo ser salvo aliás pelo exorcismo a levar a cabo por Sua Excelência O Cardeal Patriarca de Lisboa. Mas desenganem-se, ganhei mais que um simples pack de três CDs. George W. Bush atingiu o índice de popularidade mais baixo desde que chegou à Casa Branca algum tempo depois da publicação do meu texto…Coincidência?!

A Christmas Carol revisited

by Charles Moore

“Era uma vez…um senhor muito, muito rico, cujo mérito nem é tanto dele mas daqueles que o sustentam. É igualmente egoísta ao colocar os seus interesses acima de quaisquer outros, inclusive da vida humana. É avarento não do ponto de vista material, até pelo contrário, investe em si e nos demais globalizáveis, tudo em prol da liberdade e da democracia. A sua avareza é no amor. Amor ao próximo. Na véspera de Natal foi surpreendido pela aparição de três fantasmas. O do passado transportou-o ao “ground zero” projectando como se num ecrã invisível o terror do 11 de Setembro. O senhor ficou abalado. Sem tempo de suspirar de alívio, eis que surge o fantasma do presente. Com esse voou, não de Air Force One, até ao Afeganistão, Iraque, Médio Oriente. Mostrou-se pesaroso. A um passo da cama na Casa cor de Paz, como que por ironia, voltou a ser importunado, agora, pelo futuro. Depois de mais um rol de visões fantásticas avisou a segurança que de imediato deixaria Washington e viajaria até à sede da ONU em Nova York. O Sr. Uncle Sam Scrooge despiu então o fato multimilionário azul, branco e vermelho sangue e vestiu um de cores esverdeadas esperança onde parte das cinquenta estrelas cintilantes deram lugar a alguns caracteres muçulmanos. Ao bater das 12 badaladas, informa o Mundo que a politica externa e as armas vão dar lugar ao Amor. O terceiro fantasma foi o espírito de Natal.”

What makes America Great!...

quinta-feira, março 24, 2005

Corporación Dermoestética

Há muito, muito tempo nascia um menino pródigo por entre fenos e bafos acolhedores. O amor que foi recebendo de seus pais terrenos e do seu pai celestial depressa foi multiplicado e redireccionado para os seus semelhantes. Contudo por ser extraordinário, santo, tinha dificuldade em compreender como um mesmo sangue era diferenciador nas acções dos seus irmãos Homens. Como é que um podia apedrejar um ladrão da fome até à morte quando o próprio não está isento, e como é que outro saciava a sede a um leproso com o seu próprio bebedouro de cortiça? Esta dúvida ainda hoje perdura. A missão de Jesus era precisamente esta, levar a luz aos que viviam na escuridão e reavivá-la junto dos iluminados. Depressa os homens ao serviço de outros deuses, de outros valores, onde a própria vida humana era revogada em prol da glória e do imperialismo remeteram Cristo à insignificância do seu físico exposto numa cruz tão pesada como a própria Humanidade. Mal sabiam que o aconchego do estábulo que presenciou o seu nascimento estava a ser revisitado, como que o fechar de um circulo à medida que as suas pulsações reflectiam a permuta de amor entre o seu coração e o dos demais por toda a eternidade. Ao fim do terceiro dia o seu espírito reunificou-se ao corpo dando-se o milagre da ressurreição e o exemplo de expoente máximo da fé. Esta fantástica história evangélica passou-se há dois mil anos atrás razão pela qual porventura a maioria das pessoas dê à Páscoa um significado que vai muito pouco além da gula e do consumismo. Onde a reflexão por algo superior, nem que seja pelo fazer o bem, por ajudar uma causa, por esforçarmo-nos em sermos melhores contribuindo para uma recorrentemente adiada humanização da humanidade, é relegada para aspectos materiais, superficiais à verdadeira essência da responsabilidade da dádiva em se ser humano. Ao menos que se aproveite a Páscoa, tempo de ressuscitação, mudança, vida nova para encetar um qualquer gesto, uma qualquer atitude atolada em inércia e monotonia que se vem protelando à anos…diga que ama, beije, sorria, estenda a mão…
Se não conseguir encontrar uma réstia de diferenciação espiritual então vá…marque a sua primeira consulta gratuita com financiamento até 5 anos e ressuscite não como perfeito ser humano, mas como ser humano perfeito. Faça um lifting, uma lipoaspiração, um aumento, redução ou elevação de seios, uma abdominoplastia, faça a inveja dos seus amigos. Mude por fora já que por dentro a cirurgia estética não é tão simples de concretizar, os bisturis e os lasers são mais a formação, educação, civismo, altruísmo, Amor. Espiritualismos à parte, é obvio que numa era tecnológica até Deus aprovará estes pequenos milagres estéticos, quanto mais não seja para o bem-estar do indivíduo se repercutir na relação com o que o rodeia contribuindo assim nem que levemente para que uma longínqua morte em nossa homenagem não tenha sido em vão. Bem, vou assim sugerir uma operação plástica a todos os líderes da intransigência e da dor. Mas estes não são já bonecos de plástico…?

Homenagem a Jesus Cristo que independentemente da crença na veracidade da sua história contribuiu para a elevação do valor Humano.
But, Please! Reborn again!

Homomórphosis
O Milagre começa em si

quarta-feira, março 16, 2005

PT Comunicações

Provavelmente a empresa do Grupo Portugal Telecom que mais dispensará apresentações. Responsável pela rede fixa e ainda mais arrojadamente pela sua reinvenção, a organização vive tempos distantes daqueles em que era monopolista pura. De facto a criatividade dos seus concorrentes em desenvolver novos produtos de telecomunicações para a rede imóvel não a deixa descansar à sombra do seu próprio tamanho. Um exemplo é o novo Optimus home. Mas a PTC não vive só da sua herança histórica, pelo contrario conseguiu encetar com algum sucesso um emagrecimento do peso de um funcionalismo publico que a caracterizava, possuindo gestores com visão estratégica e vontade de a transformar em missão. Não só do ponto de vista das vendas como também internamente com politicas que tendem à satisfação dos colaboradores, transmitindo este bem-estar por sua vez ao seu mais importante activo de retorno financeiro: o cliente. O produto PT Noites+ vai de encontro à referida dinâmica e inovação, ponto-chave num mercado concorrencial, que mais que beneficiar o consumidor final, acresce valor à própria companhia. Quem não pensar assim decerto não terá cadeira executiva no edifício laranja das Picoas, cor das comunicações ou de outra arte de comunicar. PT Noites+ destina-se ao segmento doméstico/residencial optimizando os recursos da rede em períodos de maior vazio do seu diagrama de carga. Até aqui irrepreensível. Da promoção deste, que nos tem inundado os sentidos não poderei dizer o mesmo. A aposta em cidadania e responsabilidade social é hoje em dia uma vertente de gestão que assume cada vez mais uma relevância que no limite tenderá a factor crítico de sucesso. É um aspecto que de facto a PT não descura dando o mote para a minha critica relativa à campanha publicitária associada. Em produtos deste tipo a introdução de humor penso ser uma mais valia, conseguindo-o por intermédio dos muitos bocejos que assistimos. É o reverso da medalha que não assenta nas directrizes promovidas pela empresa por detrás das noites em branco. Pessoas que passam o dia inteiro a abrir a boca inclusive nos seus locais de trabalho não abona em nada um dos nossos principais desígnios nacionais: a tão desejada Produtividade. Que grande exemplo a empresa que aspira à excelência, ao state of the art empresarial como que a promover o sonambulismo diurno devido a chamadas noctívagas, como que a potenciar um hábito prejudicial ao desempenho ao invés de o desincentivar ou pelo menos o ocultar. Seria interessante assistir à reacção de Miguel Horta e Costa que ao invés de receber um bom dia ou boa tarde ouviria um aaaahhhhii de metade dos seus “Estou ligado”…Havia logo uma reunião de emergência para reformular a estratégia de activos humanos…De facto a máxima de Pedro Santana Lopes que acabou por se revelar mínima nas ultimas legislativas só saiu a perder com esta opção criativa. Por acaso até são exemplos negativos convergentes. O próprio Dr. Santana enquanto primeiro-ministro relâmpago não deixou os hábitos que lhe levariam ao bocejo, não fosse ele politico…Os factores nocivos da campanha não acabam por aqui. Um estudo recente demonstra que os portugueses são o povo não só da Europa como de outros pontos do globo que se deita mais tarde. Sinal de produtividade é que não é. Se calhar sai-se tarde dos empregos por que fica bem perante a chefia estando de facto a navegar-se por todo lado menos pelos problemas profissionais. Não fica nada bem é à família cujos hábitos tardios a empurram cada vez mais para a desintegração. Bem são 18h, estou cansado, vou sair, consegui organizar as minhas tarefas e munir-me dos instrumentos necessários à sua concretização, mas mesmo tendo sido produtivo vou ter de pensar na resposta à pergunta “Já?” ou “Isto não é a função pública…”. “É verdade, mas eu não aderi ao PT Noites+…”
A campanha publicitária pode e deve dar largas à criatividade mas sempre em sintonia com os valores mesmo que aparentemente dissimulados da organização em causa. O limite não é a imaginação, é a inteligência. Minha sugestão:

PT Noites+
O canal que faltava

Acabe com os Dias-

quinta-feira, março 10, 2005

Brainstorm Público6

U2nami ao contrario do iniciado por Tsu, lembrando outro Tzu e “The Art of War” até por que já ouvi uma teoria da conspiração em que a tragédia asiática teve mão estratégica americana, felizmente é uma onda gigante onde o mar é substituído por emoção em forma de musica e com epicentro na Irlanda. Devida à nossa proximidade àquela ilha, com costela britânica e muito sangue na tentativa de a trinchar e servi-la independente, somos bafejados pelos “danos colaterais” daquela parede de prazer auditivo em movimento. Independentemente da localização geográfica, quer um, quer outro fenómeno vai muito para além da zona de impacto graças à nossa amiga globalização. Polémicas à parte sobre os seus benefícios ou prejuízos, neste sentido é totalmente bem vinda, quer pela segunda onda de solidariedade que gerou, quer pela difusão de uma das maiores invenções para o bem estar da humanidade que um grupo de 4 homens maduros ajuda a dar Bono Vox. Eu que me posso dar ao luxo de ser um fã quase primordial da banda não estranho esta loucura que se assiste em torno da sua 4ª visita a Portugal. Só não presenciei a de Vilar de Mouros pois nessa altura andava a brincar às guerras como alguns adultos ainda o fazem, se bem que nós quando caíamos não perdíamos 21 gramas. De facto a “Vertigo Tour” espelha bem o U2nami que se formou nos países que serão palco da promoção do álbum “How to Dismantle an Atomic Bomb”. Portugal não foi excepção, tendo os parcos bilhetes disponibilizados para o público em geral desaparecido em tempo recorde. Não se vislumbrando a realização de um segundo concerto por terras lusas acredito ficarem muitos admiradores a ouvir os ecos de uma “Sometimes You Can't Make It On Your Own” à porta do gigante azulejo verde, ou passarem o resto do ano a pedir esmola por terem comprado um ingresso no mínimo 500% inflacionado. Este acabou por ser o grande negócio da promotora “Ritmos e Blues” que cobrou uma taxa adicional de antecipação de reserva, a todos os colaboradores das empresas que com esta firmaram acordos. Mais, estes nem sequer tinham limite de requisição do número de bilhetes pretendidos, contribuindo de certo para um confortável acréscimo no subsídio de férias de todos aqueles que ao não pensarem no próximo se descolaram da raça humana. Ora aí está uma constatação que vai totalmente de encontro aos ideais promovidos por uma banda que chegou a cativar o Papa. “Perdoai-lhes senhor, que sabem o que fazem”. A todos os que não vão conseguir marcar na agenda o dia 14/AGO/05 comprem pelo menos o CD, que foi descrito pelo vocalista mais carismático do mundo como se fosse o primeiro, poupam dinheiro e até engatam uma miúda ao chamarem-lhe de Bono Corpu. Tem de se extrair de uma potencial ameaça uma oportunidade, já dizia o tal chinês. Bem, só me resta ir ouvindo os rapazes de Dublin enquanto espero pela vertigem da passagem do U2nami por Portugal...U2nami, U2, avião espião americano, saber como desmantelar uma bomba atómica…será Bono um agente estratégico internacional ao serviço da C.I.A.?!

Lisbon, 08-14-2005 Last Night On Earth

terça-feira, março 08, 2005

Heinz Tomato Ketchup

Acho que nunca agredi algo ou alguém como o fundo de um frasco do molho de tomate mais conhecido do mundo. Claro que estou a falar daquele tradicional de vidro, o original, o que dá luta, não o “maricas” de plástico, variante “top down” sinal dos tempos e da pressão da concorrência. No dia que foi noticiada uma quebra nos casos denunciados de violência domestica invertendo assim uma tendência que se espectava de continua subida, só encontro uma explicação plausível para tal. Os consumidores portugueses estão a contribuir decerto maciçamente para o aumento do já de si megalómano império de uma das suas conterrâneas, dando mais um extraordinário exemplo de solidariedade internacional. Senão vejamos, Teresa Heinz Kerry nem sempre de apelidos tão sonantes, foi em solteira e boa rapariga Teresa Simões Ferreira que depois de casar com o senador John ficou republicanamente Heinz, tornando-se democraticamente Ketchup, perdão Kerry depois de casar com o outro senador John. Aquele que perdeu para Bush por este ter tido um molho mais condimentado, mais ao gosto dos americanos, por acaso também vermelho mas não devido ao tomate. Depois de este acto enternecedor, e já em casa, todas as nossas frustrações, fobias, ódios interiores, invejas, sentimentos repressivos e redutores estão a ser descarregados no rabo dos frascos de Ketchup e não em outras partes mais sensíveis do corpo humano adulto ou infantil. Até como factor psicológico este comportamento se reveste de vantagens anti-violência; depois da benéfica porrada brota um molho que sugere sangue, sangue. Mentalmente bateu-se na mulher, no filho, no patrão, no palhaço do carro à nossa frente, no adepto do clube rival…Obrigado Heinz!...ou talvez não…se calhar mais vale andar à pêra lá em casa do que consumir um suposto corante cancerígeno perdido algures por aí. Ou então já sei, os brutos, violentos que andam a espancar os que não lhes podem dar troco que vão mas é para o “Sudão 1” que é como quem diz Darfur. Não é lá que se andam a cometer crimes contra a humanidade e crimes de guerra?! Como se a violência e a guerra já de si não fossem crime…

Violência doméstica q.b.

quarta-feira, março 02, 2005

União Zoófila/Associação Zoófila Portuguesa

Eis um nome que aparentemente diria tudo, pesa embora na realidade apenas o seu apelido o faça. De facto o seu nome próprio, União, talvez seja mesmo o seu maior factor crítico de insucesso num País onde o associativismo nasce e perece num qualquer café de esquina onde se veja um qualquer jogo da I Liga de futebol. Claro que a importância desta face a uma Liga de protecção de animais é infinitamente incomparável. É já uma característica sociológica inerente ao povo luso: tudo está mal, alguém tem a obrigação de fazer melhor, mas esse alguém nunca é o próprio. Enquanto não se perceber que é efectivamente a União, o Associativismo que faz a força, não aquela que encontra na depreciação o facilitismo, mas a que surge construtivamente pela dificuldade, pela inteligência, vamos continuar a ter sem-abrigo nas nossas ruas, evasão e fraude fiscais, uma estrada sem passadeira para as nossas crianças, animais cuja dor só nos seus olhos se sente. Numa era de mudanças de mentalidade em crescendo, nesta questão parece que se continua a meter a pata na poça, não a mão na consciência. Os portugueses definitivamente têm casos de sucesso solidário, veja-se o Maremoto na Ásia, mas aí estamos a falar de uma tragédia internacional. Até arrisco em dizer que as tragedias além fronteiras são “melhores” que as nossas à semelhança de outras tantas coisas que lá fora são perceptivelmente superiores. Internamente as pessoas só se lembram ou são levadas a lembrar de calamidades um tanto ou quanto megalómanas como os fogos florestais de há dois anos, as tragédias do quotidiano, essas passam completamente ao lado ou são comodamente relegadas para o Estado, aliviando as consciências. Mas se este é uma nulidade em gerir os nossos impostos alguém tem de o colmatar. Uma outra diferenciação reside em uma coisa ser a comodidade em fazer uma chamada para um número solidário ou uma transferência até pela Internet para uma conta de ajuda, outra coisa é efectivamente “meter a mão na massa, neste caso concreto no pêlo” e ajudar fisicamente a resolver um determinado problema, levando ao tal associativismo. Este conformismo insustentável por vezes só pede mesmo uma revolução, como aquela de há 30 anos atrás onde pela liberdade a G3 deu lugar aos cravos. Será preciso os heróis da UZ/AZP, do desajuste, do inconformismo pegarem em UZI pela mudança do estado das coisas, das mentalidades? Eu preferiria trocar uma vez mais as metralhadoras por papoilas e concretizar o sonho da solidariedade. Neste País urge um Tsunami Humano pelas vicissitudes que perduram intemporalmente sem evolução concreta e erradicadora.
Com cerca de 800 canídeos e 200 felídeos em albergue, muitos outros sem tal dignidade e muitas adversidades à concretização da sua missão, o que escasseia mesmo são os “humanídeos”. Quer em trabalho de voluntariado, dinamismo, criatividade ou simplesmente em fazer acontecer, quer em número de sócios remuneradores ou em donativos. Já que o próprio Estado está mais perto de perdoar as dívidas dos clubes do que ajudar aqueles que não marcam cruz nos boletins de voto. Aqueles que acabam por marcar uma cruz sim, na terra inerte e distante...do vazio e da inconsciência. Como eu gostaria que fosse na
Terra do Nunca…

Homenagem ao Tíbor que me ajudou a ser homem entregando-me a responsabilidade da sua vida. Por um momento no tempo deixei de ser filho único.
Homenagem à Paula. Empreendedora, inteligente, sensível e cheia de garra para agarrar uma causa felpuda. Enaltece a palavra Mulher.

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