segunda-feira, janeiro 24, 2005

Dove

A marca do ¼ de creme hidratante está na rua pela mão de três outdoors, um por cada senhora, onde a imagem sobressai em inversão proporcional ao texto aumentando assim propositadamente a curiosidade da origem dos mesmos. As mulheres seleccionadas para dar a cara e uma o corpo, para não variar e à semelhança de todas as marcas pró-look, são sobejamente conhecidas, incluindo-se no universo das chamadas figuras VIP. Senão vejamos, os dois rostos em grande plano pertencem à Isabel Figueira, que por acaso estava com varicela, e à primeira-dama de Cabo Verde. O terceiro elemento de corpo avantajado é a Fafá de Belém. Não, agora a sério, quero felicitar a Dove por ter encetado uma luta digna e premente contra os malefícios sociológicos da utilização maciça de rostos de sonho e corpos a roçar a anorexia pelas marcas que ainda por cima não os conseguem depois concretizar. Bem aja Dove, poupam no orçamento para o marketing e publicidade e ainda ganham mais expressão exactamente por essa inovação de postura diferenciadora. Eu até iria mais longe. Fazendo um paralelo com as polémicas em torno das indemnizações da indústria tabaqueira, sugiro que as senhoras e senhores que se sintam lesados por utilizarem certos produtos promovidos por seres de sonho processem as respectivas marcas por terem de continuar a sonhar e a pagar as contas dos psiquiatras. Eu já dei o meu contributo à campanha por beleza real, votando no que me foi inquirido. Só tenho pena de lá não ter visto nenhuma Marisa Cruz se possível a mostrar a sua beleza real…brincadeira. A Dove acabou por contribuir para uma outra causa social a par da referida. Deu-nos vontade de votar, votar, votar nas próximas legislativas promovendo assim uma importante questão cívica e nacional. Merece a medalha de mérito eleitoral. Só temos um problema: Há beleza real na política?!

Dove. O primeiro com ¼ de auto-estima.
Hidrate a sua felicidade.