segunda-feira, janeiro 17, 2005

Aguardente São Domingos

A aguardente integra indiscutivelmente o leque luso de produção e oferta de bebidas com teor alcoólico elevado. Quem não se lembra do avô ou mesmo do pai tirar do armário uma garrafa de aspecto diferenciador apelando à velhice vínica, sorver meio cálice e no fim exclamar ahhh? Deixando-nos à interrogação mais recorrente da adolescência: nunca mais faço 18… Deixando por outro lado os nossos antecedentes tentados a nos oferecer um golo na promessa de nada dizermos, pensando: se fosse na província... Falo em duas gerações atrás, por que de facto actualmente, penso ser um costume em desuso por parte dos mais jovens. Talvez pela generalização de bebidas estrangeiras como o whisky, talvez por ser mais in o consumo deste perante os amigos, mesmo lá em casa. Talvez por haver uma conotação desfavorável ligada aos consumidores tradicionais da aguardente ou talvez e somente por ser portuguesa e ainda haver o estigma do que é nacional não é assim tão bom. Não sou um apreciador devoto, mas mesmo entre um bom whisky velho e a boa senhora madura, também no universo vinícola seria heterossexual. Contudo, a Aguardente São Domingos até parece ser exclusivamente da tal que é pedida em pé a seguir ao prazer da cafeína ou durante um jogo de futebol onde a Sport TV é sempre canal aberto, pois que com este outdoor…: “Para homens com H grande. Desde 1946. São Domingos. A Água. Ardente”. Mais uma vez que posso dizer? Nem S. Domingos deve perdoar tal insipiência criativa, tal insustentável leveza. Mas eu perdoo pois o criativo não foi a You Я Spot®, ou seja, me, myself and I. Assim, vou criar um spot digno da tal cota que me levaria ao céu, infelizmente não por embriaguez sexual:
- Criatividade mantendo segmento alvo:
After shave frasco grande.
aroma frutífero

- Criatividade livre:
São Domingos. Água benta forte
Benza-te Deus!