quarta-feira, junho 22, 2005

Mon Chéri

Há um sem número de pessoas maioritariamente do sexo feminino que defende que as implicações em ser-se homem ficam muito aquém daquelas que as obrigam por se ser mulher. É a questão da descriminação sexual, défice, uppss palavra proibida, nas oportunidades de carreira, o facto de terem de parir, criar os filhos, multiplicarem-se em tarefas domestico-profissionais, etc, etc. Contudo acho que existe uma do lado dos representados pelo símbolo da bola e da seta – eis um ícone que resume na integra a existência masculina – que equilibra todas as atrás referidas relativas às da bola com uma cruz – mais uma vez a simbologia é explicita; as bolas apresentam-se-lhes como verdadeiras cruzes – Herança histórica, natureza, testosterona, ou simplesmente maldição é com que o Homem supostamente integro tem de lidar diariamente face ao que o Verão traz de melhor. Ele é fios dentais propositadamente dados a conhecer pelas transparências ou contornos dos tecidos superficiais, ele é decotes minimalistas auxiliados pelo que de melhor há para maximizar a sustentabilidade, ele é sandálias de aberturas generosas desenhadas por estreitas fitas e outros adornos culminando num salto proporcionalmente sensual. Enfim inúmeros motivos que motivam o em tempos apelidado sexo forte. Sim, hoje ninguém terá dúvidas de quem ganhou a guerra mais antiga do mundo. O poder não é de quem o detém, mas de quem o controla. Os seres que têm a faculdade de urinar de pé pensam que têm a escola toda para ludibriar a maior maravilha da criação divina, no entanto são esses que perecem diante da mortífera sedução. Quem não tem o inestético pendente acaba por ganhar sempre quanto mais não seja pela imensa refeição com que deleita o seu ego caracterizada por olhares a roçar o comestível. Este constante arrastar de asa pelos espécimes do cromossoma maioritariamente Y faz lembrar os pombos machos na sua incessante obsessão de expandir o pombal. Para os solteirinhos e bons rapazes esta doença, esta gripe das aves pouco ameaça a sua saúde comportamental. O grande dilema surge aos que possuem anilha, qual pombo correio, símbolo do compromisso firmado com a sociedade ocidental para não dizer eclesiástica, por principio teórico, monógama. Este grupo subdivide-se em seguidores de tal doutrina, os fiéis, chamemos-lhes de infelizes, e os que subvertem o sistema comummente aceite, vivendo numa casa construída sobre a rocha e convivendo numa erguida na areia, os infiéis, chamemos-lhes de felizes. Os infelizes vão olhando desgraçadamente para as pombinhas comuns, tendo mesmo vontade de comer uma canjinha, senão quando pousam na dura realidade que para este tipo de sopa é rotineiramente e monotonamente utilizada galinha caseira. Os felizes não podiam estar mais. Vivem uma poligamia socialmente condenável, realisticamente aceite, com o seu rol ou histórico de amantes camuflado por uma aparência de marido exemplar e pai dedicado. Para os infiéis aos haréns a coexistência dos dois estados sentimentais, o legitimo e o indigno, é castrada à partida pela sua formação e princípios morais, tal eunuco à mercê dos seus desejos inconcretizáveis e da sua ingrata imaginação. Os fiéis amantes das suas amantes, esses estão perto da quimera rosada. A legitimidade e a perversão diluem-se, complementam-se sem réstias de culpabilidade, sem entraves morais, com uma naturalidade a pressupor uma atitude normal. Se é contra-natura ter uma única mulher a vida inteira, lutando contra a tentação tal vampiro Loui que optou por sorver sangue de mamíferos não humanos, se o normal é andarmos a voar uns aos outros, não sei. O que sei é que o importante é tentarmos ser felizes, procurando não descurar a felicidade dos que nos se entregaram, mas se esta for insuportavelmente penosa, pois bem, então bebamos sangue humano, e seremos felizes (?!) Não querendo dar uma imagem de consultor matrimonial, mas nunca se sabe, até por que o intuito deste Blog nunca esteve perto de ser concretizado apesar dos esforços que encetei, queria deixar uma dica a todos os infelizes que deambulam por aí: Já pensaram que empolgando as penas, encetando uma dança de sedução, perseguindo por amor e carinho culminando num abrir de asas de êxtase envolvendo a vossa pombinha de cambalhota, de sempre, acaba por ser um extremo da perversão?! Sim, e este é o verdadeiro factor motivador, sexo, sedução e até amor são seus meros instrumentos.

Homenagem à Vera, que tem conseguido evitar por mérito que eu dê uma cambalhota tal que me es-borrache(o) no pavimento da ilusão.

Conseguireis não cobiçar a cereja do próximo?

terça-feira, maio 24, 2005

PS2 (Playstation 2)

Nunca vos aconteceu sonhar, independentemente da cor ou do cenário ou mesmo da nitidez do objecto, porém sentir uma inquestionável sensação de paz e bem-estar ao acordar, propagando-se esta ao novo dia tornando-o mais apetecível de ser vivido? Realmente consideramos escassa a nossa longevidade como humanos mas muitas são as vezes que descartamos dias da nossa vida como se de uma gillette se tratasse. Ou por esperarmos que o futuro nos bafeje, ou por acreditarmos que os nossos sonhos se tornem realidade, ou simplesmente por inconscientemente não aceitarmos um destino que nos foi atribuído por algo superior que supostamente não tem margem para errar, mas o que foi senão um erro não possuirmos uma vida à Victor Constâncio ou à Lara Croft. Esperamos ou desesperamos até fazer sentido viver ou morrer. Os descrentes inclinam-se mais para a teoria Matrix de um mundo totalmente deixado à probabilidade casuística de um mainframe gigantesco que funde o mundo virtual com o real, vivendo os humanos no primeiro, vegetando no segundo, contudo produzindo a energia corporal equivalente à dispendida naquele que vemos, alimentando assim as máquinas, morrendo no entanto em ambos. A nossa alma seria um programa de SW que ao morrer iria para o recycle bin, enquanto que o corpo nem para a reciclagem de HW seria remetido. Se a existência de Deus fosse fundamentada por esta, provavelmente compreenderíamos melhor a morte de uma criança ou a permanência de um pedófilo entre nós. A vida é por demais preciosa para ser shiftada do hoje para o amanhã. É que provavelmente se não nos esforçarmos em vivê-la agora entramos numa espiral utópica pela busca da felicidade cuja extinção pode muito bem coincidir com o limiar da nossa existência. Como não há bela sem senão, ou por outras palavras como não há Croft sem Constâncio, o que atrás foi dito relativamente à dimensão de um sonho bom é igualmente valido para os pesadelos. É que um destes dias sonhei com finanças, impostos, contas públicas, desinvestimento do estado, desemprego que ao acordar tive de resgatar o lado consciente da minha mente para que esta fosse crédula ao valor próximo dos 7% do défice. Escusado será dizer que esse dia correu pessimamente, logo foi descartado da minha vivência. Vou assim processar os gastadores por mais 24 horas da minha vida que gastei sem proveito. 7 por cento ou 7 pecados mortais, sendo estes 7% de todos os pecados ou suas variantes. Bate tudo certo. Assim de cabeça e além do Demo não me lembro de outra entidade que os concentre todos senão o Estado. Ira quando gasta as suas energias em debates demagógicos com a oposição em vez de a transformar em furor positivo e partilhado com medidas concretas ao serviço dos cidadãos. Cobiça os rendimentos de todos, embora só consiga taxar os de alguns, os de sempre, sem nada fazer para os merecer. Inveja a vida dos que a levam exactamente por escaparem aos impostos tentando ser como aqueles penalizando a cobrança dos que a eles não consegue fugir. Sente Orgulho das incipientes medidas que vai tomando disfarçando a incompetência transversal. Tem Preguiça na aversão que nutre ao trabalho e à mudança – claro que eles estão bem e até bastante confortáveis face aos seus homólogos – sendo a única explicação para as décadas de atraso que nos vem incutindo. Sente uma Gula incontrolável, tal padecedor de bulimia, aplicando taxas de imposto em bens de primeira necessidade, chegando inclusivamente a tributar imposto sobre imposto que acontece por exemplo nos automóveis e que por certo é inconstitucional mas porventura politicamente correcto. Deixei a Luxúria propositadamente para o final pois é a que mais se relaciona com o descalabro do défice orçamental. Por que é que o Sr. Dr. Governador do Banco de Portugal apela à continua aplicação de medidas restritivas à liberdade financeira dos que mais precisam propondo novos aumentos de imposto não tendo coragem nos seus órgãos reprodutores para sugerir, para não dizer exigir uma minimização do despesismo público, uma contra-luxúria, absolvendo o governo pelo menos desta ofensa capital?! Talvez por se dizer que o Diabo é capado…? E o Sr. Dr. Presidente da República Portuguesa onde anda no meio disto tudo? Anda de visitas ao Céu…pode ser que traga ideias inovadoras para melhorar o nosso Inferno, ou um qualquer novo SW a carregar no Sistema Operativo Português. E o Exmº Sr. Pedreiro António, a Exmª Sra. Cozinheira Maria, o Tiago, a Paula, o Rui, o Pedro que assistem impávidos à recorrente desumanização financeira de suas vidas ao invés de irem para a rua contestar, forçá-los a expugnar os seus pecados mortais. Ao invés vendem mais uma vez a alma ao Diabo pela sua insuportável passividade…Urge uma nova Boa Nova ou um Matrix Revolutions! De facto os cintos são para apertar as calças daqueles em que estas tendem a cair devido à sua magreza progressiva, não àqueles em que estas nem lhes serve tal a exuberância dos seus carros de serviço com todas as despesas inerentes pagas, telemóveis topo de gama sem limite plafond, cartões de crédito da grossura de um sabonete, benefícios de variada espécie e feitio. Contudo queixam-se que os seus ordenados são parcos em dígitos, coitados. Dirão, estas medidas não chegam, os boys não são assim tantos quanto isso para explicar o número do azar, ou para alguns da sorte. Tudo bem, esqueçam as obras fúteis e de utilidade prática nula embora populistamente indispensáveis, investindo em infra-estruturas básicas a que uma grande parte da população hoje ainda não tem acesso, não despromovendo assim o emprego pelo corte no investimento nas obras públicas. Reduzam pessoal que só aguarda ansiosamente a reforma da reforma, logo já alguém trabalha por esses, não sendo necessário recrutar nem mais um inútil. Qual saem 2 entra 1?! Só se for na AR, que não esqueçamos também é função publica, que saiam 2 deputados a dormir da geração acomodada, e entre um bem desperto por ser da geração que querem lixar. Invistam numa ferramenta informática poderosa e linda, tipo Trinity do mundo virtual, que permita o cruzamento total de dados, incluindo os bancários, nem que tenham de recorrer ao crédito, num combate sério e objectivo à fraude e evasão fiscal cujas receitas a médio prazo não só amortizariam a divida contraída como os absolveria de mais uns tantos pecados mortais. Nem seria preciso endividarem-se tal as regalias que concedem à banca, que por certo estaria na altura do pay back time. Aliás, se calhar nem seria preciso tal state of the art tecnológico, por exemplo em Lisboa, basta contabilizar o número de BMW, Mercedes e Audis novos a circular por aí, retirar 10% de otários que andam a comer sandes e com credito mal parado no empréstimo à habitação, 10% de ricos a valer e está apurada a quantidade de empresas em nome individual, pequenas e médias que depois “obrigam” os cada vez mais pobres a valer a contribuir por estes. Que raio de gestores públicos que temos que não conseguem, ou talvez não estejam interessados, manter ou até aumentar a receita através da diminuição da despesa. O estado não é mais do que uma empresa, e cada vez mais privada, que vive de proveitos sem nada produzir cujo trabalho é somente aplicá-los onde é mais necessário, ou supostamente deveria ser. Qual a organização que não gostaria de ter tal privilégio?! Será assim tão difícil? Quantas décadas mais para chegar ao Céu?! Sim, com tantos pecados o Estado é definitivamente a personificação do verdadeiro Inferno ou o tal Mainframe, com Constâncios e sucessivos ministros das finanças e toda a restante corja a assumirem-se como verdadeiros demónios ou agentes Smiths. Só resta saber se Sócrates é Belzebu em pessoa ou o Arquitecto, neste caso Engenheiro, ou se ainda há uma réstia de esperança em ser um Messias ou o fantástico Neo.
Nada temam amigos, isto foi só o meu pesadelo! A vida real, ou direi virtual, é bem mais aprazível, não é?!

Uma nova vida…?
Só com PS2!
Qualquer semelhança com Partido Socialista 2, era pós Cavaco Silva foi pura coincidência.

quarta-feira, maio 11, 2005

Cabovisão

Possuem visão, têm cabo e ainda coragem para concorrer directamente com a empresa que além de ter cabo, tem TV, serviços de telefonia fixa e móvel, sistemas de tecnologia de informação, serviços multimédia, conteúdos, etc. Deveriam inclusive mudar o nome para Curacabovisão. Para além da referida coragem metaforicamente introduzida, ajudaram a curar o mercado, introduzindo o medicamento concorrência, repondo a saúde do cliente final. Contudo o fármaco ainda não foi homologado pelo Infarmed a nível nacional, subsistindo focos de infecção em tecidos importantes do corpo, nomeadamente nos órgãos reprodutores, como se sabe situados na extremidade centro-sul do mesmo. Há quem defenda ser mesmo a região mais importante, se bem que o cérebro está localizado no norte do organismo…Há inclusive uma guerra norte-sul a ser travada entre os referidos órgãos do corpo de Viriato, entre o físico e o racional, entre o período menstrual e a dor de cabeça, entre o vermelho sangue e o azul ben-u-ron, entre o Benfica e o Porto. O verdadeiro vencedor desta luta é nem mais a SportTV, logo o tal gigante de nome PT, entre outros, curiosamente vestido de fato azul e camisa laranja, restando saber quando a trocará por uma de tons mais rosados, encetando à semelhança da Curacabovisão uma mudança de imagem, esta restrita à cor do seu logótipo. Perante as adversidades normais de um mercado plural a segunda operadora do coaxial não só ousou desafiar os serviços de televisão e Internet de banda larga como atacou o core business do grupo concorrente com pacotes que incluem telefone fixo sem assinatura apelando igualmente à concretização do slogan “Assinatura, sai-me das costas…Estás a pesar-me!...” de mais uma ameaça recente de um outro player, neste caso do negócio móvel transpondo-o para o fixo. Acrescendo ao objectivo para uma oferta o mais possível diferenciadora deparamo-nos com canais exclusivos, com um agradável canal V! quão agradável são as suas apresentadoras e os menos exigentes visualmente até conseguem ver bola e outras bolas em modo negativo, o que é muito mais positivo para o cliente do que as irritantes e frustrantes barras como que a restringir-nos de uma liberdade que não existe numa sociedade cada vez mais orientada para o consumo privado, seguindo as regras de uma economia de mercado, não de uma democracia.
Bem, eu até gostava de dar atenção à minha esposa e aos meus filhos, mas no meu invariável serão sou treinador e jogador de futebol de um importante jogo se calhar mais parecido com o meu do que possa pensar, actor principal de uma história se calhar mais parecida com a minha do que possa pensar e ainda possuirei uma mulher bem acima da média da sensualidade e da depravação se calhar mais parecida com a minha do que possa pensar…

Dê a volta ao cabo…
Para trás ficou o gigante
Adamastor

quinta-feira, abril 28, 2005

Olá

Eis uma marca de nome simples e objectivo que até pode dar o mote para uma excelente deixa de engate:
-Olá…
-Vai ver se chove!
-Por acaso está mais para isso do que outra coisa, embora esteja bom para um gelado…
-Baza!
-Não percebeste, estou a convidar-te para um gelado Olá…
-Estás a chamar-me loura burra?!
-Não, mas por acaso adoraria derreter um cornetto nos teus escaldantes vulcões…
-É pá!
-Cornetto ou Epá, para mim é igual…
-Bem, dito assim…Na minha ou na tua?
Pronto, e lá vai ele todo contente comprovar se o áureo se estende à vegetação circundante à gruta de lava, ou se de facto os neurónios realmente não abundam numa massa que só se percebe que é cinza, vulcânica, por palavras e actos. O pior é se ela fez o que o estado deveria fazer para minimizar os riscos de incêndios florestais e a desmatou, ou a dourou. Mas se assim foi é por que é inteligente. Continuo com o intuito de descambar. É o que dá enviar um SMS a dizer Olá, e receber um Adeus, que é como quem diz um Olá gelado. Por acaso não…Depois da parvoeira e de uma private joke nada melhor que retomar o tema principal que se perdeu algures por entre os pingos da chuva. É que segundo a marca portuguesa, mais uma das escassas que nos podemos orgulhar, o factor sazonal é já não mais crítico de sucesso no mercado da gelataria muito por culpa das suas acções que visam contrariar essa à primeira vista espectável tendência. A marca que em inglês seria Hi, Ciao em italiano mas que corajosamente é Olá concretiza 50% das vendas nos três meses fortes do Verão. Apesar da ainda resistente sazonalidade está-se muito longe de estatísticas passadas em relação a hábitos de consumo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, ou melhor muda-se o tempo e criam-se necessidades.
Em nome da Olá agradeço à poluição mundial, aos desaires ambientais, aos Países ricos e a todos os que colocam os invólucros dos gelados no Ecoponto sendo destruídos por queima pois possuem resíduos que os impedem de ser reciclados directamente e como não há falta de emprego seria impensável ter um funcionário a reaproveita-los. Um dia as profissões ligadas ao ambiente serão as mais reconhecidas e bem remuneradas, isto se nessa altura ainda existir a moeda como a conhecemos, ou o próprio planeta Terra. Já em Blade Runner cuja acção decorre em 2019 se falava de engenheiros do tratamento do lixo. Ora se pensarmos que daqui a catorze anos já lá estamos e que não existe nenhuma licenciatura nessa vertente então o argumentista de Ridley Scott talvez não passasse de um pobre visionário. Mas também Los Angeles é uma cidade do primeiro mundo, não uma erva daninha de um jardim à beira mar mal plantado. Admitamos que o referido curso se iniciaria para o ano, em 2019 teríamos 30 “Drs”. E no máximo, senão vejamos, faríamos 3 turmas com 100 alunos, destes chumbariam por ano 90 a matemática, lá está 30 canudistas daqui a 14 anos. Mas esperem, as licenciaturas não vão passar para três anos?! Ganhámos mais 10 especialistas. Yes! Deve dar para aí, nessa altura, 1 licenciado para 10^100 toneladas de lixo. Putos, vá tudo para esse curso, deixem-se lá de filosofia, psicologia, história, e até gestão e engenharia clássica! Outros seres, a crer no filme, que supostamente andarão entre nós nos finais da segunda década deste século são os replicants – robots ou humanos? – A mesma pergunta faço em relação a nós…Olha ponham-nos a trabalhar nas lixeiras, já que os portugueses só querem trabalhos dignos da gravata do poder, do título de Dr. e de um chorudo ordenado ao fim do mês. O que seria deste País se não fossem os imigrantes…Dr., perdão, Engº deixe lá o choque tecnológico. Precisamos é de um choque humano!
O que também contribui para que todo o ano se olhe para pessoas a chupar um calippo ou dar 100 lambidelas em duas bolas de gelado e inevitavelmente se pense se são boas naquilo…é a querida Publicidade!

Frio, morno, quente
Descubra a 5ª estação do ano

quarta-feira, abril 20, 2005

Control

Depois de um rol de artigos cujas circunstâncias levaram a que o tema dominante deambulasse por aspectos que tendem à elevação humana, característica que nos pode diferenciar como raça, mas que racionalmente relegamos, continuarei pelo mesmo objecto. Ainda tenho a pretensão de me achar criativo…De facto abordar o assunto sexo é trazer de novo o Homem e tentar perceber mais uma vez se a linha que o separa dos animais foi feita por uma esferográfica ou um marcador. Estou farto de escrever que devemos encontrar o bem que existe em nós e transpô-lo para as nossas atitudes, para a nossa vida, transformando-nos no limite em melhores pessoas. Escrevo, escrevo e não componho nada…Apetece-me partir um bocado a louça, dizer palavras politicamente incorrectas, provocadoras, ser mauzinho. É que para nós a física foi mais cruel, não é como o azeite e o vinagre que não se misturam, a nossa maldade coexiste com o nosso lado bom como que numa associação irónica e perturbadora cujo resultado advém de muitíssimos mais ingredientes dos que temperam uma salada. E às vezes essa tanto pode ficar bem saborosa quanto insípida sendo composta pelo mesmo cozinheiro. Se calhar esta dualidade amor-ódio é mesmo um dos maiores motores da nossa evolução. O sexo para ser bom e louco também precisa de uma boa base de cumplicidade, uma cobertura de irreverência mas também de uns ténues salpicos de sadismo. Para ser simplesmente louco só precisa de um preservativo. Há-os para todos os gostos, feitios e até sabores. Desde o normal, ao retardante, tuttifruti, passando pelo XL que por acaso é o que eu uso tal como 99% da população masculina, não há desculpa, senão uma, para a não prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejáveis. O preço, sempre o preço. Os senhores que brincam às regras do mercado não terão passado pela fase da adolescência?! Em que o escasso dinheirito para uns copos à noite ou para os cigarros se sobrepõe a despesas supérfluas como comprar preservativos podendo vir a vender a vida à morte. Como é que se pode apostar numa campanha de prevenção de flagelos sociais identificando-se o seu principal agente redutor e aplicar-lhe um custo desmotivador da sua utilização? Onde é que está mais uma vez o Estado, pois se os tais senhores continuam a brincar? Nas secas das consultas de planeamento familiar onde se oferecem camisas mas se calhar mesmo com tamanho S se rompem? Ou então está a dar quecas com os Privados?! Decidi ajudar a Control por contraposição ao magnifico anuncio televisivo da Durex onde uma menina, para não variar quase anoréctica – por que é que não há preservativos Dove?! – enfia sem mãos e à distancia a anatomicamente inovadora borrachinha salva-vidas e salva-mães no foco de prazer que a consumirá daí a breves instantes, mas que infelizmente não mostram. Como não se vê, quem nos diz que quem está deitado não é afinal uma moçoila prestes a comer a amiga que afinal não tem tanta pontaria assim...Outro pormenor interessante além da anorexia é o umbigo da lançadora merecer igualmente, ele quase, um gorro mágico. Lá está mais uma vez a suspeita de homossexualidade feminina, fufedo, humm!, tão bom…Será a criação de uma necessidade num segmento de mercado novo, aparentemente descabido? E daí não sei se será assim tanto…Umbigos erectos, línguas, brinquedos qualquer dia com esperma real…Ai a Publicidade!

Control..., Control.., Control., Controla-te!
Muito para além da prevenção.

quarta-feira, abril 13, 2005

Cerelac

Há papas e Papas. A da Nestlé é uma farinha láctea preparada com cereais hidrolisados enzimaticamente, mediante um processo próprio da marca, proporcionando: excelente digestibilidade, alto valor nutritivo, boa saciedade, maior facilidade de preparação e um sabor muito agradável. Contém glúten. Existem muitas outras no mercado com composições e vantagens nutricionais infantis similares e existe o do Vaticano. Sim, para os que têm um energizante mais do que natural, sobrenatural, a Fé, João Paulo II vive numa nova forma existencial no sítio que promoveu enquanto fisicamente tangível. De facto mostrou-nos uma prova maior de convicção cristã ao não abdicar, pela agonia da doença, da sua responsabilidade espiritual como chefe da Igreja Católica. Possui uma essência humanamente sobre elevada preparada com valores eclesiásticos, não apenas teórico-demagógicos, mas consagrando o seu real intuito junto do Homem, mediante um processo próprio de inspiração e colagem divinas, proporcionando: excelente inter-religiosidade, alto valor espiritual, boa pacificidade, maior facilidade de comunicação e um sabor muito especial. Contém Amor. Quer sejamos fiéis ou infiéis, ocidentais ou de oriente, acredito que todos sentimos a sensação de perda física de um homem que essencialmente irradiava paz. E só o consegue para quem esta brota do seu interior. A papa Cerelac alimenta milhões de crianças um pouco por todo o mundo. O Papa defunto alimentou e alimentará um mundo de corações um pouco por todo o lado. Embora não concretizasse mudanças significativas na lei da Igreja, as quais para mim são tão irrefutáveis quanto o sucesso da reinvenção da mesma delas dependem, valendo-lhe até uma caricatura envolvendo um gorro mágico. Acessório de moda critico à preservação da imagem fashion de um só corpo vestido com uma saia e um blazer em pele humana. Que personalidade elegeria para novo pontífice? Fácil, Karol Wojtyla com uma mente renovada face às necessidades actuais promovidas pela evolução ou então Paul Hewson que não necessita de formação teóloga ou episcopal para potenciar igualmente o bem e arrastar consigo multidões. Onde é que eu já ouvi isto? Sem dúvida que assim teríamos o já saudoso Papa João PaulU 2 ressuscitado, oferecendo-nos Deus a segunda prova visível da sua existência, o que não acontece à sensivelmente 1971 anos.

A Joana é hoje saudável e bem sucedida.
Os seus filhos por vezes chamam-lhe mãe Cerelac.

quarta-feira, abril 06, 2005

BMW série 3

Qual a coisa, qual é ela que tem uma hélice azul e branca na dianteira, um poderosíssimo motor, uma estética marcadamente aerodinâmica, um cockpit ergonómico fértil em instrumentos de painel arrojados e onde o piloto a pode levar até aos 250 Km/h declarados? Não, não é um avião. É o novo BMW série 3. De facto para o ser bastar-lhe-iam asas. Contudo estas existem no seio do BMW Group com 2004 a ser considerado o seu ano financeiro de maior sucesso. Os lucros subiram 10.9% traduzindo uma rentabilidade líquida de 3,554 milhões €. Contudo interrogo-me se a este valor foram deduzidas ou não despesas de responsabilidade civil, humana. É que o construtor de Munique, pelo menos até há bem pouco tempo, era um dos poucos que nada fez para colmatar o abuso da utilização de mão-de-obra escrava durante o Holocausto. É preciso ter lata, ainda por cima de excelente qualidade, em declarar tais proveitos financeiros com milhares de semblantes esqueléticos de olhar vazio neles impressos a par das frases contabilísticas, dos cifrões e dos excelentes números. De facto esta constatação fere quase mortalmente a imagem da marca bávara na sua postura como interveniente a nível global. Ferirá? Não é o que demonstram as unidades adquiridas e as demais encomendadas. Talvez quem tenha possibilidade de obter tal automóvel esteja habituado a ser frio, ou ter chegado onde chegou à custa desse, daí não se sentir chocado. De facto é mais difícil ser caloroso, produzir calor humano não físico. Com o sucesso da sua sofisticada oferta bastaria uma mísera percentagem da sua força de vendas para sossegar parcialmente o espírito daqueles que tinham a estrela de David ao peito prostrados ante um Golias de cruz suástica no interior do mesmo. Nem sequer seria pelo valor de numerário, seria pelo acto em si subentender um pedido de perdão, um acto de consternação para com as vítimas. Eu, por exemplo, só estou à espera que a BMW introduza esta subsidiação indemnizatória, esta obrigação de justiça meritória para desfrutar plenamente do “prazer de conduzir”, incluindo o que advém da consciência limpa. O que é um carrito desses para mim?! Um reconhecidíssimo publicitário…Só espero que os povos explorados durante séculos pelo Reino de Portugal não se lembrem de semelhante coisa. Mas também não somos comparáveis a uma BMW. Esta cria valor produzindo veículos que se destinam a chegar a um qualquer destino, enquanto a nossa produção nos leva a nenhures. Tomara termos dinheiro para indemnizar as inúmeras vítimas do Processo Casa Pia, por que até agora só estas vislumbrei, quanto mais…Pode ser que o Eng. Sócrates renove o seu carro de serviço para um Série 3, se inspire e transponha para o País a sua qualidade. Mas aí estaria a contribuir para a referida frieza e o não cumprimento do PEC. Mas também, não foi este flexibilizado, e não é ele sensível…?
O que de facto não anda a par da referida qualidade de construção, design, imagem de um dos automóveis mais emblemáticos do mundo é o outdoor publicitário que acompanha o seu lançamento. Sinceramente “A essência de um desportivo” é dramaticamente injusta em insipiência, quase tanto como a leveza do ser que assume a presidência da empresa impávido e sereno com os rostos da indignação na sua mente. Minha sugestão:

Choque Tecnológico. Sem chocar.

Esclarecimento: Apesar das minhas criticas às organizações alvo de Spot, à excepção dos Brainstorm Públicos, o seu resultado reveste-se de profissionalismo como se a tarefa criativa me tivesse sido atribuída, em nada reflectindo as vicissitudes apontadas no respectivo e antecedente artigo.